sexta-feira, 10 de outubro de 2008

o que se pede...

Lembro que um tempo atrás, uns dois anos mais ou menos, em certa conversa com um amigo, eu fiz um pedido deveras estranho.
Disse a ele que estava cansado de pensar, de ter idéias, de me alarmar e me revoltar com as injustiças sociais, queria simplesmente esquecer toda essa coisa, essa agitação que circunda os movimentos populares (ou populistas), movimentos de esquerda, pseudo-intelectuais, cenas alternativas e cultura independente.
Queria ser um cara qualquer, do tipo bronco, que se preocupa única e exclusivamente com a sua vida, daqueles que vão cedo para o trabalho, ralam o dia todo sem se preocupar com nada, que durante o dia ouve qualquer música massificada que toca naquelas rádios mais tosquinhas, que a noite, depois do trabalho, chega em casa feliz da vida e vai tomar uma cerveja e assistir novela.
Na época, muitas coisas estavam acontecendo, muitas mudanças, decepções, falta de grana, de tempo, de paciência, etc etc etc...
O tempo foi passando e aquele “pedido” foi esquecido, mas hoje vejo, que de alguma forma ele ainda ficou alojado no subconsciente.
Muitas coisas mudaram de lá pra cá, a vida que já andava conturbada, se complicou um pouco mais, muitas reviravoltas e enfim, as vitórias começaram a surgir.
Abandonei a grande metrópole decidido a mudar de vida e assim está sendo.
Nem tudo está do jeito que quero, mas compreendi finalmente que não se pode ter tudo ao mesmo tempo.
A vida segue, sempre, hoje saio de casa cedo, trabalho 10 horas ou mais por dia, durmo na hora do almoço, ouço as músicas que tocam por aí sem me preocupar com nada, chego em casa de noite, como alguma coisa, assisto novela e vou dormir, para recomeçar tudo no dia seguinte.
Aos finais de semana descanso, ando de bike e tento aproveitar as horas de folga.
Nem tudo está do jeito como quero, hoje, especificamente é um dia estranho, é aniversário do meu filho, ele está longe, aliás, nunca estive assim tão longe dele.
Gostaria de estar com ele, de beijá-lo, abraçá-lo, de passar o dia com ele, para nos divertirmos como fazíamos antigamente.
A vida segue, sempre, e nem tudo acontece da forma que a gente quer, e nas escolhas, a gente precisa abrir mão de algumas coisas.
Gostaria de poder escolher, e ter exatamente o que quero e não ter o que não quero.
Na verdade, abriria mão de absolutamente tudo, desde que pudesse ter meu pequeno junto comigo, e um emprego decente que pudesse nos dar segurança e conforto, só isso.
Mas hoje ouço as músicas que tocam por aí, uso botas de operário, e sigo minha vida pacata... pacatamente...

5 comentários:

Anônimo disse...

Grande Zerba!

Precisa ler o último texto do Cris e quiçá conversar com ele; estão vivenciando experiências quase que idênticas...

Beijo, meu grande amigo.
Keep The Faith (mesmo)!

Jô.

Gracielle Gomes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

"as contas estão em dia"

Renato Zerbinato disse...

tem gente que vive reclamando da vida, mas tem tempo de sobra para seguir a vida os outros e atrapalhar sempre que pode!

Anônimo disse...

"A vida segue, sempre, hoje saio de casa cedo, trabalho 10 horas ou mais por dia, durmo na hora do almoço, ouço as músicas que tocam por aí sem me preocupar com nada, chego em casa de noite, como alguma coisa, assisto novela e vou dormir, para recomeçar tudo no dia seguinte.
Aos finais de semana descanso, ando de bike e tento aproveitar as horas de folga".