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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Saudade Insana VIII

Saudade Insana - A Série

Parte 8 de 10

(``.¸(``.¸ ¸.`´)¸.`´)

Das vantagens de uma terapia intensiva

(¸.`´(¸.`´ ``.¸)`´.¸)

Manu Chao

La Despedida

Ya estoy curado, Anestesiado

Ya me he olvidado de tí...

Hoy me despido

De tu ausencia

Ya estoy en paz...

Ya no te espero

Ya no te llamo, ya no me engaño

Hoy te he borrado

De mi paciencia

Hoy fui capaz...

Desde aquel día

En qu te fuiste, yo no sabía

Que hacer de tí

Ya están domados

Mis sentimientos

Mejor así...

Hoy me he burlado

De la tristeza

Hoy me he librado

De tu recuerdo, ya no te extraño

Ya me he arrancado

Ya estoy en paz...

Ya estoy curado, Anestesiado

Ya me he olvidado

Te espero siempre mi amor

Cada hora, cada día

Cada minuto que yo viva...

Te espero siempre mi amor...

Te quiero... Siempre Mi amor...

Se que un día... volverás...

No me olvido y te quiero...

-----

Que assim seja, para todo o sempre, Amém!

Saudade Insana VII

Saudade Insana - A Série
Parte 7 de 10

(``.¸(``.¸ ¸.`´)¸.`´)
Dos Próximos Passos
(¸.`´(¸.`´ ``.¸)`´.¸)


...E os dias vão passando minha principessa, e já nem sei mais dizer quantos dias já se foram, ou quantos ainda estão por vir..

...Queria apenas acordar e ver que está tudo na mais perfeita ordem... mas o caos impera onde deveria haver calmaria... e os pensamentos vão e voltam, desordenadamente...

Desordem generalizada, essa é a expressão mínima capaz de descrever a atualidade... e assim se segue...

Mas por bem ou por mal, estou trabalhando, ou tentando, com afinco naquele assunto... me preparando para o dia...

E sei que o teu olhar vai mesmo me congelar e estou pronto para isso, e que seja assim... e viveremos felizes...

E a música de hoje...



Na Veia
Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Lirinha
Eu vou cantar pra saudadeCom seu vestido vermelhoE a sua bocaEu vou cantar pra saudadeDescer na minha cabeçaE comandar sua festaAquele cheiro, som, imagem do teu corpo incendeiaE um rio carregado de saudade vem correr na minha veiaNa veia, amor, na veiaÉ como a luz da lua que atravessa a parede da cadeiaClareia mais forte que o solE Quando a saudade chegar com seu batalhão de agitadoresE tantas bandeirasVou cantar aquele som da genteVou rasgar o teu vestido novo

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Saudade Insana VI

Saudade Insana - A Série
Parte 6 de 10



(``.¸(``.¸ ¸.`´)¸.`´)
Das Boas Lembranças
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De quando apenas conversávamos, sem ter nehum tipo de preocupação com o nosso futuro, até mesmo porquê na época não havia "nós".

E as coisas eram realmente boas, tranquilas... e acredito que assim continuará sendo.

Tive UMA boa conversa ontem, que acabou gerando uma reflexão muito grande e já me posicionou em direção a uma grande mudança.

As coisas não serão mesmo como antes... mas não que tenha um motivo específico para isso... simplesmente as coisas mudam, assim como as pessoas, as prioridades...

Em essência continuamos os mesmo, com nossas crenças, valores e filosofias distintas...

O que nos une, o que nos afasta, o que nos move...

Seja lá como for, a saudade aperta e castiga... preferia ser apertado apenas pelos seus abraços, isso já me deixaria realizado...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Saudade Insana IV

Saudade Insana - A Série
Parte 4 de 10

(``.¸(``.¸ ¸.`´)¸.`´)
Do Entendimento e do Eclarecimento
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Porquê fundamentalmente eu já estou mesmo entendendo essa nossa amizade.
Amizade, sim, não há nada que expresse melhor o que será daqui pra frente, aliás, o que sempre foi e o que nunca deveria ter deixado de ser.
Ainda assim, a saudade que me aflige é um pouco maior do que a de um simples amigo, fazer o quê? Assim sou eu.
E em conversas, com outros amigos e amigas, surgem questionamentos e muitos esclarecimentos também.
E em conversas, comigo mesmo, surgem dúvidas e decisões.
E penso, a vida é mesmo engraçada, estamos sendo testados constantemente... e tavez esse seja mesmo mais um teste, para mim e para você.
O engraçado é que se eu passar na minha parte do teste, provavelmente, muito provavelmente vai começar o seu teste...
Mas seja como for, estou pronto, e sei que no final estaremos bem, e continuaremos amigos e continuaremos juntos, no dia-a-dia e nas conversas, e nos cinemas, e nas risadas, e em muitas outras coisas...
E a saudade aperta, mas sinto que a distância nos fará bem e que finalmente as coisas serão do jeito que você sempre quis e do jeito que devem ser.
PS.: Mesmo assim, ainda desejo que você volte logo!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Saudade Insana II

Saudade Insana - A Série
Parte 2 de 10


(``.¸(``.¸ ¸.`´)¸.`´)
Do Começo e de Um Novo Começo
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De quando nos tornamos apenas amigos, ou um pouco menos do que isso.
E depois de umas poucas e rápidas conversas ao telefone, saímos para pedalar pela primeira vez.
E conversamos bastante, sobre a vida talvez, ou talvez eu tenha falado apenas sobre mim e você tenha escutado apenas sobre você.
Seja como for, o momento se eternizou e prosseguimos juntos a partir dali.
Formando uma quase dupla dinâmica, em cima de nossas bikes, rasgando a cidade de cima a baixo, sem limites, apenas pedalando...
E assim, de meros desconhecidos nos tornamos amigos e um novo caminho começou a desenhar.
Lembro dos filmes, das risadas, das conversas...
E hoje fica a saudade, e sinceramente, por tudo o que está acontecendo, já não sei mais se digo "adeus", já nao sei mais onde estarei amanhã e nem sei mais se vou conseguir cumprir esta promessa de escrever pra você durante a sua ausência...
Tenho medo de nem te ver chegando... sinto que o tempo está se esgotando... e o que virá a seguir, ninguém sabe... muito menos eu...
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Só sei que estou pronto para seja lá o que for.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Saudade Insana

Saudade Insana - A Série
Parte 1 de 10


(``.¸(``.¸ ¸.`´)¸.`´)
Da Angústia e da Esperança
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Eu me olho nela... e espero que seus olhos me fitem e me congelem...
Mas não hoje e talvez nunca mais...
Muito embora no último olhar, seus olhos me fitaram sim e eu congelei, mas não da forma como eu imaginava, e nem da forma como eu desejava...
Mas seja como for, nada me impede de ainda desejar, e querer e lembrar...
De todas as coisas, e das conversas, e dos passeios...
E de uma das últimas conversas:
- Vou voltar a escrever no meu blog.
- Sério?
- Sim, vou escrever pra você, equanto estiver fora...
- Vai escrever o quê?
- Sei lá, na hora eu penso, mas vou escrever sobre minha saudade, um texto para cada dia de sua ausência...
- Nossa, eu mereço isso?
- Na verdade merece muito mais que isso, mas é assim que vou fazer mesmo...
...
Acho que ela não me levou a sério na hora, mas foi mais ou menos assim a conversa, e a semana passou muito rápido, e hoje, somente hoje consegui sentar aqui na frente e tentar escrever algo, mesmo com todas as coisas para resolver e todos os problemas para pensar, e a cabeça carregada, principalmente de incertezas...
Hoje é o terceiro dia, e este é o primeiro texto, ou seja, pra variar um pouco, estou em déficit contigo, mas tudo bem, posso postar dois amanhãs e mais dois depois, e três no sexto dia, e quando você estiver de volta, quem sabe, teremos quase um livro inteiro aqui...
Mesmo que seja um livro de bobagens, de tolices ou algo que o valha... ainda que eu acredite que a tolice está intimamente ligada aos melhores, mais sinceros e mais profundos sentimentos...
E assim sendo, continuo aqui, esperando teu olhar, esperando que ele me congele... e que me aqueça e seguida, assim como sempre acontece!
PS.: Te digo o restante pessoalmente...

domingo, 24 de maio de 2009

Séries Inconcebíveis

17/08/06
(``.¸(``.¸ ¸.`´)¸.`´) Séries Inconcebíveis(¸.`´(¸.`´ ``.¸)` .¸)

Parte um de não sei quantas...

"Da coragem e do caminhar"

Quando se anda em linha reta, sem olhar para os lados, mesmo não sabendo ao certo onde se está indo, percebo então que nem sempre o caminho é o que eu escolhi inicialmente.As prioridades mudam a todo momento, os gostos e até mesmo os passatempos prediletos se transformam.A depêndencia do desconhecido se torna então uma fuga desesperada, não se toma muitas decisões, não antes das decisões alheias.Então percebemos que em algum ponto, deixamos de ser nós mesmo e passamos a ser a sombra de quem admiramos, confudimos respeito com medo, confundimos dependência com zêlo, confudimos insegurança com carinho e confundimos carência com o querer.E em algum ponto essas confusões podem se tornar algo tão devastador que perdemos totalmente o norte.Então passamos a andar desmedidamente, sem pensar, sem aproveitar, e deixamos de ser sombras alheias para se tornar um vulto no meio da multidão, um vulto que passa despercebido, alheio aos fatos e acontecimentos externos, pensando em coisa alguma, apenas vagando, ocupando lugar no espaço, um lugar que muitas vezes não é nosso, ma insistimos em ocupar.O caminhar é um ato constante, mesmo que não se queira, continuamos andando, a passos largos ou não, com rumo ou não, o caminhar é incessante.A coragem as vezes falta, e justamente quando ela falha é que os atos e os passos se embaralham.Mas a gente pára, respira fundo, inspira, expira, alucina e volta sempre ao mesmo lugar.Mas em algum ponto, em algum tempo, acabamos evoluindo sem perceber, e nos transformamos, transformamos nossos pensamentos, nossas virtudes, nossos valores e prioridades.E o caminho se segue, com coragem e aflição.Será que sempre dá certo?

Séries Inconcebíveis

18/08/06
(``.¸(``.¸ ¸.`´)¸.`´) Séries Inconcebíveis (¸.`´(¸.`´ ``.¸)`´.¸)

Parte dois de não sei quantas...


"Do olhar e do despertar"


As pequenas frestas da veneziana deixavam passar os primeiros raios de luz daquela manhã.Preguiçoso, o sono custava a se dissipar.Braços e pernas se esticaram e uma seqüência de estalos percorreu a coluna e finalmente ele se levantou.Abriu a janela e viu que todos já estavam ativados.Ficou olhando, admirado com as milhares de luzes coloridas que se moviam rapidamente em todas as direções. Atordoado, lembrou-se da escuridão de onde vinha, pensava em como nunca havia notado a pureza e a intensidade contida em cada um daqueles seres.Lembrou-se da fábula do tolo no alto da torre, olhou ao redor e chorou. Percebeu que durante todo o tempo, ele esteve construindo sua própria torre, e agora, como um tolo, do alto de sua torre olhava as pequenas pessoas lá em baixo.Uma grande vertirgem tomou conta de sua mente, os pêlos de seu corpo se arrepiaram.Inspirou profundamente,expirou,braços abertos,coluna ereta,pés no parapeito da janela,um sorriso e um brilho diferente em seu olhar distante...Inspirou profundamente, abriu os olhos e viu uma chuva de luzes violetas envolvendo seu corpo... expirou calmamente.Lá de cima de sua torre, fitou mais uma vez o animado balé de luzes.Inspirou profundamente, enfim pôde compreender.braços abertos,coluna ereta,pés no parapeito da janela,um sorriso,um mergulho......expirou......Finalmente deixou sua torre e agora estava com os seus...

Séries Inconcebíveis

21/08/06
(``.¸(``.¸ ¸.`´)¸.`´) Séries Inconcebíveis (¸.`´(¸.`´ ``.¸)`´.¸)


Parte três de não sei quantas...


"Dos sentimentos e das coisas que não podem ser tocadas"


Pois muitos são sentimentos que habitam dentro do peito e da mente.E para cada um desses sentimentos, existe uma personalidade diferente.O brilho nos olhos, o sorriso e toda a expressão facial se altera de acordo com cada coisinha que vai pela mente.Bom seria se pudéssemos tocar e manipular tudo isso.Queimaríamos ou jogaríamos no lixo aqueles que nos fazem mal e deixaríamos sempre à mão aqueles que nos dão prazer.Mas o coração sempre acelera quando menos se espera, e as pupilas se dilatam, e ansiedade...

Séries Incincebíveis

(``.¸(``.¸ ¸.`´)¸.`´) Séries Inconcebíveis (¸.`´(¸.`´ ``.¸)`´.¸)



Parte QUATRO de não sei quantas...



"Da coragem de se dar um passo, quando se está na beira do abismo"



E fez-se trevas...

E tudo estava cinza, infinitamente cinza, e ela surgiu como num passe de mágica, típico de um ritual de bruxaria, sorridente e solícita, cúmplice e meiga...

E a vida ganhou cor, e as horas foram se preenchendo...



E fez-se luz...

E com o tempo, a luz já não iluminava tanto, no máximo se assemelhava àqueles chaveirinhos com laterninha para o bebum encontrar o buraco da fechadura de madrugada.

E o sorriso ficou amargo, e já não havia mais cumplicidade...

Apenas dois corpos moribundos, se anulando, sugando-se até a última gota de energia, devastando a felicidade e tudoo que viesse pelo caminho...



E novamente fez-se as trevas...

E de repente já não havia mais nada em volta, havia ainda menos que da primeira vez, e a vida tornou-se um caminho escuro, sem rumo, um gigantesco tanto faz... o que viesse era lucro...



E de repente uma nova luz surgiu em meio à escuridão, e um novo caminho revelou-se em minha mente, na verdade era um caminho que sempre estava ali...

Um caminho de paz, de segurança e de proteção, um caminho de luz...

E como uma lança, rasgou a escuridão como os raios de luz rasgam as nuvens...

E como o nascer do sol, mostrou um novo dia, um novo ciclo e milhares de possibilidades...



Hoje os sorrisos são sinceros, e são exatamente os sorrisos que sempre estiveram por perto mas nunca foram percebidos, e são os mesmos abraços que sempre confortaram mas nem sempre foram procurados...



E fez-se a luz novamente...

Uma luz intensa, como eu nuca tinha visto antes...

Um céu claro, sem poluição, revelando infinitos caminhos, infinitas possibilidades...

E no meio disso tudo, um sorriso novo se revelou, um abraço novo, boas vindas, um pouco de entrega... e que tudo aconteça naturalmente...



*****

Na foto: o céu de Brasília, lindo, limpo, próximo ao Pôr do Sol, visto de algum canto desse misterioso lago, que por algum motivo me atrai e me faz sentir infinito, luz!

(Publicado originalmente em Novembro de 2007)

Séries Inconcebíveis

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Séries Inconcebíveis

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Parte CINCO de não sei quantas...







"Da possibilidade de recomeçar TUDO do zero"



E de saber que finalmente,nada é realmente impossível, e que a gente pode sim, recomeçar, e se não der certo, recomeçar de novo, e de novo, e de novo...



Não existe mais medo, e sim esperança,Não existe mais insegurança, e sim confiança,Não exite mais incerteza, e sim desejo de ser apenas eu mesmo...



E os olhos continuam o mesmo, mas as olheiras estão um pouco mais acentuadas, e os cabelos um pouco mais brancos...



Mas o OLHAR está mais profundo, está mais detalhista e agora quase tem superpoderes, consegue enxergar além do que se vê, consegue ver além da casca de enfeita e encobre as pessoas, consegue perceber nuances nas expressões, consegue olhar diretamente dentro dos olhos e saber quando o sim é não, quando o não é sim e quando o talvez é apenas uma desculpa esfarrapada.



Não só o olhar, mas os sentidos, de um modo geral, estão mais amplos, mais aguçados, mais detalhistas...



Acho que, conforme a idade avança, tudo evolui, quando se quer é claro... e o olfato percebe melhor todos os cheiros, inclusive o da mentira... e por isso sei que há verdade em tudo o que está acontecendo...



E o tato sente melhor tua pele...



E o paladar enlouquece com teus beijos...



E aquela pedra de gelo que havia dentro do peito, vai se derretendo cada vez mais...

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(publicada originalmente em Dezembro de 2007)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Contos de Hopper - V


IMAGEM: New York Movie de Edward Hopper
***

A vida segue, sempre sempre sempre...
E a gente nem vê ela passar, mas comecei a descobrir coisas diferentes de uns tempos pra cá.
Se antes eu achava que a vida fosse um filme, com momentos bons, ruins, cômicos e dramáticos, hoje percebo que na verdade o filme somos nós mesmos.
A vida fica ali parada, nos observando, como se estivesse numa sala de cinema, vendo a projeção e se divertindo em todos os momentos.
Nós somos a ficção e a vida é a verdade, isso é o que é.
E a vida é bela sim, igualzinho o nome daquele filme, a gente é que consegue estragar as coisas.
Ela é elegante e bem vestida, sabe todas as regras de etiqueta e sempre está aberta para novas experiências, é como se fosse a mulher mais linda, moderna e independente do mundo.
Mas hoje ela está carrancuda porque percebeu que quem decide as minhas coisas sou eu mesmo e não ela.
E ela resolveu ficar inquieta e agora me assite em pé, esperando pela última cena, mal sabe ela que a última cena só vem mesmo quando eu quiser...
E hoje é o 28º capítulo que se inicia para mim, e agora me sinto muito melhor e mais forte, e mais consciente e a vontade para fazer as coisas que realmente acredito, só que dessa vez sem ter medo da vida ou de qualquer outra coisa!!!!
É isso!!!!

****

Contos de Hopper - IV


IMAGEM: Notívagos de Edward Hopper

E aquele dia foi realmente movimentado, dois turnos seguidos, sem comer direito, apenas tomando café em cima de café.
A noite caiu pesada, muito silêncio na rua e resolvi então que era hora de voltar para casa.
Antes é claro, resolvi tomar um último gole de café.
Foi quando a porta se abriu e a vi entrando a passos apertados, com uma fisionomoia séria e preocupada.
Pediu um capuccino, acendeu um cigarro, deu tois tragos e o apagou, seus olhos estavam agora mareados, as olheiras bem acentuadas contrastava enormemente com sua alva pele e seu vestido vermelho.
Eu fiquei um tempo observando-a e era como se ela nem ao menos percebesse que eu estava ali.
Pediu outra xícara de café, dessa vez café preto, sem açúcar.
O barulho da porta desviou a minha atenção.
Um homem alto e com cara de poucos amigos entrava, com passos calmos, coesos, como se estivesse medindo as passadas milimétricamente.
Ele estava bem vestido, com um terno muito bem alinhado, em perfeita harmonia com a gravata, a camisa e o chapéu.
Fumava bastante, pediu uma xícara de café, se sentou ao lado da jovem senhora e colocou seu chapéu sobre o balcão.
Ficaram em silêncio durante alguns minutos, ele estava visivelmente nervoso, acendou outro cigarro e terminou seu café, ficou balançando a xícara na mão, fazendo o restinho do café circular no fundo da mesma.
Ela continuava indiferente, como se estivesse completamente desligada do mundo.
Então o silêncio foi quebrado pela voz dele:

- Não acredito que você fez isso, não acredito mesmo.
- Pode acreditar querido, tenho certeza que daqui a alguns anos você vai me agradecer por isso.
- Impossível, você não tinha o direito de ter feito isso sem me consultar.
- Pois é, a vida é assim, ganha-se umas, perde-se outras, achei que você já era adulto o suficiente para ter aprendido isso.

Ele pediu mais um café, acendeu outro cigarro e colocou o chapéu de volta na cabeça.
Ela se levantou e saiu.
Eu continuei bem quietinho, como manda a minha profissão, terminei de lavar alguns copos e talheres e já ia secando a pia enquanto ele terminava seu último café.

- Você fica todo dia até esse horário? - Ele me perguntou como quem caça qualquer assunto.
- Não senhor, foi só hoje que estava mais movimentado, mas já estou de saída.

Ele me pagou os cafés e o capuccino que haviam tomado, saiu e quando entrava no carro, percebi que ela à esperava no banco do passageiro.
Fechei o bar e fui para casa dormir um pouco, já eram 4 da manhã e às 6 eu teria que estar ali novamente.

***

Contos de Hopper - III


IMAGEM: Morning Sun de Edward Hopper

***
A capacidade de se ficar sentada durante anos, sem nada fazer para mudar e/ou para melhorar as coisas ao seu redor.
O morosidade com que se resolvem alguns assuntos e a falta de ética sobre outros atos.
A vida vai passando e a gente envelhece, a gente aprende e a vida cobra, cobra demais.
Cobra a falta de atenção, cobra as atitudes que nunca tomamos, cobra a incerteza e cobra toda a imoralidade contida em nossos atos.
Cobra mais de uns do que de outros, isso é certo, e enquanto essa cobrança não vem, algumas pessoas vao insistindo em continuar se metendo, atrapalhando e prejudicando de toda e qualquer forma a vida da gente.
Mas a vida cobra, e é certeira, e eu sou apenas um ninguém, um vulto no meio da multidão, se esgueirando entre as sombras retas dos postes de luz e dos pontos de ônibus em pleno meio dia, com o sol à pino castigando a moleira.
Com as nuvens parcas que não refrescam nem os pensamentos, com a gravata apertada fazendo a pressão arterial subir ainda mais.
As veias se dilatam e o olho esbugalhado fica mais atento aos movimentos, identificando e bailando conforme a música...
E eu pensando, revendo imagens e cores, tento responder uma pergunta que há muito me atormenta, e que ao mesmo tempo, é uma pergunta que não traz nada de realmente útil ao meu viver...
Quantos textos diferentes eu posso escrever em cima de uma mesma imagem????
Deve ser um número aproximadamente igual aos dos cigarros e copos de café que eu consumia diariamente durante boa parte da minha patética existência...
Mas eu não sou a vida e não devo me cobrar, e nem cobrar ninguém....

***

Contos de Hopper - II


Imagem = Drugstore: Edward Hopper

As palavras se formam sob o olhar fixo na imagem lúgubre e congelada.
Congelada está a mente, atordoada e ainda assim, obedecendo a cadência ritmada de uma respiração profunda e ofegante.
Paulatinamente, algumas lembranças começam a ecoar num aturdido balet de cores, imagens e sons.
A cor dos quadros derretendo, unindo-se às cores das sólidas paredes. A imagem de diversos CD´s e revistas espalhados pelo chão.
O som baixinho, de uma guitarra distorcida e porcamente tocada, mistura-se com o barulho do porta-comprimidos espatifando-se no chão.
No criado mudo ao lado da cama, caixas de Sertralina, Diazepam, Prozac e Rivoltril formam uma torre de tarja preta, ao lado da garrafa de wisky e da garrafa de café frio.
O cinzeiro transbordando e as caixas de cigarros retorcidas apenas dão um toque mais humano à todo o resto.
E todo o resto, se une num turbilhão de idéias, devastando tudo o que pode ser entendido como certo ou lógico...
E a noite continua e continua, junto com os devaneios e insônia...

***

Contos de Hopper - I


IMAGEM: Chop Suey; Edward Hopper
***


VOCÊ, ALI, COMIGO
...E eu, com meus pensamentos, agora já devidamente localizado e ébriamente encorajado.
E ela, com seu olhar ansioso e perdido, com seus cabelos dourados como como os da princesa européia, ou às vezes, dependendo da direção e intensidade da luz, vermelhos como os de Cynder.
E ela, ansiosa pela frase que toda garota gostaria de ouvir um dia.
Outra caneca de cerveja que chega no momento ideal, ela bebia água, então brindou-se (ao futuro) água com cerveja, no exato minuto que que, na mesa ao lado, chegavam mais duas canecas de cerveja com groselha.
A música ambiente e a conversa e as gargalhadas etílicas, tornavam ainda mais atraente as duas jovens.
Uma fração de segundos, o olhar furtivo e a atenção roubados por uma curiosidade erótica, outro gole e mais meia hora (ou dois segundos - quem sabe ao certo?) de reflexão.
O ar torna-se rarefeito e a frase sai do fundo da alma, com toda certeza do mundo...
...
...
- É Claro... hum... nem acredito que isto esteja acontecendo, é claro que eu aceito meu querido.
Essa foi a resposta rápida e sincera dela.
Os olhos se fecharam, os lábios se encontraram, traduzindo um turbilhão de coisas que até hoje ninguém foi capaz de explicar...

***

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Revoluções de Ano Novo "A Série!" - I

A Série a seguir foi publicada em Janeiro de 2005, e foi escrita por mim especialmente para um grande amigo meu, o Robinho, o qual, nesses quase 20 anos de convivência se tornou mais do que um amigo, se tornou um grande irmão!
Curioso é que se no começo de 2005, eu escrevi uma série com este nome, justamente no final do mesmo ano, ocorreu uma imensa e irreversível revolução!
Que ano foi aquele...



RESOLUÇÕES DE ANO NOVO
ou
revoluções de ano novo
ou
estado febril intenso e inalterado

...que faz o cérebro inflar e dar a impressão de estar solto da caixa craniana, e fica ali, flutuando e chacoalhando de um lado pro outro, fica divagando e nos fazendo delirar... o sonho nunca chega mesmo, e as vezes é melhor, pois nessas ocasiões, os sonhos são sempre os piores, misturas de imagens de diálogos entre amigos, diálogos tensos que na verdade nunca ocorreram, mistura de imagens de uma velha novela, cruel, escrava isaura e os maretomotos que asolam a África e a Ásia... pensamentos desconexos, e dedos ágeis, como tiros de metralhadora vão destilando palavras, meias palavras e sentenças de mortes... não mais ser trouxa, não mais... enfim, em meio à tantos devaneios uma resolução de ano novo, que vem como uma grande revolução, causando todos os tipos de reviravoltas que a vida pode esperar...
e nas últimas tecladas, um desejo, de felis ano novo e todos os clichezinhos que se espalham pela internet nessa época do ano...
Dessa vez passarei a virada de ano na cama, pena que não do jeito que eu queria... será na cama, sozinho e entupido de drogas legalizadas...

Revoluções de Ano Novo - II




Apenas para um breve lembrança, de tudo aquilo que ainda não aconteceu...
Apenas para se ter esperanças, nos erros infrutíferos dum passado não muito distante...
Mas não, não mais, a cabeça já não suporta mais tantas cacetadas, os joelhos não suportam mais tantas quedas e a mente em si sabe bem o que deve ser feito...
E a razão, finalmente dominada, já se prepara para anestesiar os outros sentidos na hora em que a coisa começar a apertar...
Um dia é do caçador, outro dia é da caça, se bem me lembro é assim que costumam falar...
Dessa forma, até que o dia certo não está tão distante, embora ainda exista a crença de que nada ou ninguém precise ser caçado ou aniquilado...
Embora ainda exista a crença de que a união de forças para a realizaõ do bem coletivo seja o melhor caminho a se seguir...
A natureza da cobra é destilar o veneno e morder, a minha natureza não é a de matar a cobra, mas me defender quando necessário...
E que venha então as mordidas, os venenos e os resultados de tudo isso...

Revoluções de Ano Novo - III



Nem todo começo tem um fim...

As janelas do quarto continuam abertas, sem cortinas, mostrando a vista daquele humilde bairro, casas grandes porém incompletas, paredes externas com os tijolos descobertos, ladeiras estreitas mais ao longe e muitas antenas espalhadas para todos os lados, enfeitadas com restos de pipas e emaranhados de rabiolas que um dia reinaram (mesmo que por alguns momentos) nós céus daquela vizinhança.
Umas três ruas abaixo, as luzes dos postes apagados, barulho da molecada na rua, e a euforia carnavalesca da bateria da escola de samba local acordando os pobres mortais que ousaram dormir antes das 21:00.
Um ou dois cachorros na rua de cima começam a cantarolar velhas marchinhas de carnaval, numa incrível sinfonia de latidos, uivos e grunhidos, em pouco tempo a "unidos dos vira latas" já está completa e agora o bairro vê o "bloco da matilha sarnenta" desfilando ruidosamente pelas largas e asfaltadas ruas.
A janela continua aberta, mostrando a lua semi encoberta por espessas nuvens de uma provável chuva que nunca cai.
Do lado de dentro, continuo inerte, debruçado na janela, com vontade de fumar, ouvindo um cd qualquer, pensando que meus três cavaletes de pintura nem sequer tem apoio para as telas que eu ainda não tenho, e que a caixa de pincéis e tintas ainda vai permanecer uns dias guardadas.
As paredes do quarto, brancas e imaculadas, suplicam por uma intervenção insana, mas não ouso sequer tocar no pincel nem ao menos ameaçar um simples rabisco, não agora...
Uma pequena coleção de histórias em quadrinhos precedem a enésima leitura de um ótimo livro, afinal de contas, até para se ler é preciso dum aquecimento...
A mente já aguçada, se delicia nas linhas do livro, enquanto a escola de samba dobra a esquina mais próxima da minha casa, como bom vizinho, interrompo a leitura e vou para a calçada saldar a escola de samba e as belas dançarinas que percorrem o bairro todo sambando e rebolando frenéticamente, algumas delas nem sabem sambar de verdade, ficam apenas exibindo e chacoalhando as ancas, de um lado para o outro, mas como dizem por aí, é disso que o povo gosta é isso que o povo quer...
E todo ano é a mesma coisa, minha rua não tem paralelepídedos para se arrepiar, mas isso não impede a passagem do samba mais popular em mais um aquecimento numa noite de segunda feira...

(¸.•`´(¸.•`´ ``•.¸)` •.¸)

Revoluções de Ano Novo - IV




Destino Escolhido...

Depois de um pãozinho com manteiga e um gole de café preto, tem-se sempre a impressão de que o dia será tranquilo, isso é bom e geralmente essa impressão dura por uns trinta ou quarenta minutos.
Logo que o café acelera a desintegração do pão dentro do estômago, sente-se uma agonia profunda e uma ansiedade incontrolável, a vontade de fugir é imensa, vem então o sabor do cigarro na boca e com muito esforço consigo afastar a vontade de fumar.
A única janela disponível, dá visão apenas para outros departamente do trabalho, e a única janela para a rua fica na sala ao lado, impossível tentar se distrair com alguma coisa.
Mas vem a vontade de fugir novamente e num desespero louco, imagino-me numa cena de história em quadrinhos, pulando pela tal janela, do terceiro andar do prédio, estilhaçando vidraças e caindo por sobre o capo dum carro qualquer... idiota...
O telefone dispara e me traz de volta à realidade, minha sina, atender telefones e ficar preso numa sala, com ar condicionado, em frente é um computador que por vezes me faz escapar deste destino...
Escolhido... não eu, não o destino, nessas alturas do campeonato já não sei mais quem escolheu quem, o fato é que as vezes tudo aqui me deixa profundamente irritado e novamente a vontade de fugir... de não ser eu mesmo, ou de ser exatamente eu mesmo e estar em outros lugares, respirando outros ares, navegando outros mares...
E assim eu vou vivendo... dia a dia, passo a passo... e apesar de tudo com muita garra e esperança...

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Esta série é inteiramente dedicada ao meu grande amigo Robinho, que sempre faz com que repense diversas coisas...
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