terça-feira, 2 de setembro de 2008

Contos de Hopper - III


IMAGEM: Morning Sun de Edward Hopper

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A capacidade de se ficar sentada durante anos, sem nada fazer para mudar e/ou para melhorar as coisas ao seu redor.
O morosidade com que se resolvem alguns assuntos e a falta de ética sobre outros atos.
A vida vai passando e a gente envelhece, a gente aprende e a vida cobra, cobra demais.
Cobra a falta de atenção, cobra as atitudes que nunca tomamos, cobra a incerteza e cobra toda a imoralidade contida em nossos atos.
Cobra mais de uns do que de outros, isso é certo, e enquanto essa cobrança não vem, algumas pessoas vao insistindo em continuar se metendo, atrapalhando e prejudicando de toda e qualquer forma a vida da gente.
Mas a vida cobra, e é certeira, e eu sou apenas um ninguém, um vulto no meio da multidão, se esgueirando entre as sombras retas dos postes de luz e dos pontos de ônibus em pleno meio dia, com o sol à pino castigando a moleira.
Com as nuvens parcas que não refrescam nem os pensamentos, com a gravata apertada fazendo a pressão arterial subir ainda mais.
As veias se dilatam e o olho esbugalhado fica mais atento aos movimentos, identificando e bailando conforme a música...
E eu pensando, revendo imagens e cores, tento responder uma pergunta que há muito me atormenta, e que ao mesmo tempo, é uma pergunta que não traz nada de realmente útil ao meu viver...
Quantos textos diferentes eu posso escrever em cima de uma mesma imagem????
Deve ser um número aproximadamente igual aos dos cigarros e copos de café que eu consumia diariamente durante boa parte da minha patética existência...
Mas eu não sou a vida e não devo me cobrar, e nem cobrar ninguém....

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