sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

De baú pra Pernambuco III

O dia amanhece mais cedo neste lado do País.
São 4h30 da manhã quando o ônibus passa por Marechal Deodoro, rasgando esta 101 litorânea e entra junto com os primeiros raios de Sol na cidade de Maceió.
É curioso e confortável acordar no ônibus cruzando este país, abrir os olhos, olhar pela janela e reconhecer com carinho esta paisagem por onde pedalei numa incrível cicloviagem uns meses atrás .
A subida acentuada do pontilhão na entrada da cidade dá um suspense à mais, lá de cima você se depara com este mar infindável, um oceano de possiblidades, de reflexões, num indo e vindo cadenciado, constante, se formando, crescendo e quebrando nestas areias, de dentro do ônibus sou capaz de sentir o ar da maresia e até imaginar esta água deliciosa banhando meu corpo.
Estar no litoral nordestino é a realidade de sentir-se em casa.
Durante a viagem conversando com outras passageiras, me senti muito feliz ao perceber que hoje sou capaz de dar informações detalhadas sobre a maioria das praias que se seguem desde Aracajú-SE, passando pelo litoral Alagoano completo até chegar em Olinda e mais um pouco à frente, Janga, Paulista e Maria Farinha, em Pernambuco.
Observei de longe o gigantesco Porto na entrada de Maceió enquanto o ônibus abandonava a orla e ganhava as ruelas da cidade, entranhando-se cada vez mais, revelando ruas caóticas, favelas apinhadas de barracos quase despencando no meio das ruas, como se num desespero louco quisessem tomar conta de toda a cidade.
Muito lixo e entulho nas ruas denunciam o abandono e falta de cuidado da prefeitura com este lugar tão lindo, claro que alguém no ônibus ia lembrar que estamos na terra do "Demônio de Alagoas" - como ficou imortalizado pelo poeta o nosso impitimado Presidente Biônico no início dos anos 90.
Assim seguimos cidade adentro, paramos na rodoviária, pessoas se despedem e desembarcam todas amarrotadas da longa viagem, outras pessoas sobem, estas estão bem arrumadinhas e ansiosas pelo início de suas viagens, mal sabem que daqui a pouco estarão desgrenhadas a amarrotadas também.
O ônibus segue o seu fluxo, por dentro do continente me revelando agora uma paisagem Alagoana que eu ainda não conhecia.
A vida segue o seu fluxo, por dentro de nossa própria mente, revelando agora uma nova reflexão que eu ainda não conhecia.

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