sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

De baú pra Pernambuco II

No ônibus de viagem me chama a atenção a presença de um garotinho de não mais de 6 anos, vestindo uma camiseta do Capitão América.
O primeiro momento que o vi, acompanhado de sua mãe para usar o banheiro do ônibus.
Depois da terceira vez que ele usou o banheiro a mãe desistiu de acompanhá-lo, agora ele vai e vem sozinho pelo corredor para satisfazer suas necessidades, provavelmente nem são necessidades fisiológicas mas sim o fato de se sentir livre e "adulto" o suficiente para ir ao banheiro sozinho.
Estou sentado na poltrona 47, no fundão e daqui observo todo o movimento.
O mini-Capitão América levanta glorioso de sua poltrona lá na frente do baú, vem andando confiante e olhando e cumprimentando todas as pessoas, pára em frente a portinha do banheiro e me pergunta se tem alguém.
Ele entra no banheiro e não fica mais de 2 minutos lá dentro, me parece que ele se diverte com o barulho e a forma que a descarga é acionada no banheiro do baú.
Imagino o que se passa naquela cabecinha, menos de 5 anos, senhor de seu próprio destino, desbravando este ônibus gigante, reparando em cada detalhe do piso, dos bancos, do teto, de todos os botões e válvulas do banheiro que apesar da longa viagem permanece limpíssimo.
Imagino ele chegando de viagem, contando pras pessoas adultas de sua convivência sobre a aventura de ir sozinho ao banheiro do ônibus, imagino ele contando isso pras suas pequenas amizades, os olhos brilhando, os lábios incontidos num sorriso frouxo, dono de seu próprio destino.
E lá vem ele caminhando pelo corredor novamente e volta e sorri e cumprimenta após dar mais uma descarga mentolada no banheiro do baú, uma aventura pra contar...
Este menino vai longe, mas não agora, depois da parada do jantar ele repousa tranquilo no colo da mãe, dormindo encolhidinho embaixo dum edredom do Curíntia.
Pelo menos até sua próxima aventura ao banheiro.

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