sábado, 11 de novembro de 2017

Observei-te

Olhou para suas mãos com impressionante atenção.
Reparou os nós dos dedos ossudos por baixo da pele fina e ge-o-gra-fi-ca-men-te enrugada.
Olhou para seus olhos brilhantes, invasivo, a inexpressão sorrateira com ares blasé.
A pele esticada em volta de seus olhos disfarçava alguns ciclos que sua mão firme denunciava.
O óleo brilhante que dava tônus às maçãs de seu rosto era o mesmo que em denúncia explícita, ocultava o tempo em seu semblante, a ânsia em seu querer, o desejo cerrado em seus lábios, o universo em seu pensamento.
Os nós, a pele esticada, a lança no olhar, um dia, além.
Sou eu?
É você?
Somos outrem?

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